Rondônia no escuro: viagens de luxo, cofres abertos e transparência trancada à chave

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Se a gestão de Marcos Rocha fosse uma mala de viagem, estaria lacrada com senha. E só o governador sabe os números. Enquanto prega eficiência administrativa e alardeia que vende Rondônia ao mundo, Rocha e sua comitiva de assessores têm embarcado em roteiros que misturam turismo institucional com mistério orçamentário — e pouca, pouquíssima, prestação de contas.

A cereja do bolo foi o *Rondônia Day Tour*, em Brasília, na semana passada. Evento com nome pomposo, recheado de painéis e discursos, mas com zero de transparência. Nenhuma diária publicada. Nem mesmo os gastos do assessor de redes sociais foram revelados. E quando a pauta é Israel, Japão, China, Bolívia ou Azerbaijão, a lógica é a mesma: segredo absoluto. Em nome da “segurança”, o gabinete do governador esconde os custos de viagens que já somam mais de **R\$ 3 milhões**.

Só que o Tribunal de Contas de Rondônia, desta vez, bateu à porta do Palácio. Deu prazo de **30 dias** para que Rocha mostre serviço: ou libera os dados das diárias — inclusive as dele e do vice, Sérgio Gonçalves — ou a conta política pode chegar antes da próxima eleição. O alerta consta no **processo nº 01486/2025**, e foi assinado pelo conselheiro Omar Pires Dias, com anuência dos demais membros do TCE (exceto Jailson Viana, que se declarou suspeito). A determinação deixa claro que o sigilo abusivo atropela princípios básicos da administração pública: publicidade e eficiência.

Enquanto isso, a população assiste de camarote (sem ingresso) a um espetáculo de desconexão com a realidade. Em um estado que ainda lida com deficiências históricas em saúde, segurança e infraestrutura, o chefe do Executivo investe tempo e dinheiro em viagens cujos frutos ainda não amadureceram — nem caíram.

Mas a cortina de fumaça não se limita às passagens e hospedagens. Nos bastidores do Governo, um racha expôs as vísceras do poder: a demissão do ex-chefe da Casa Civil, Junior Gonçalves, abriu feridas profundas no núcleo duro da gestão. O vice-governador, irmão de Junior, virou alvo do próprio Rocha e de sua esposa, Luana Rocha. A base desabou. O silêncio do governo, agora, não parece só estratégia — soa como proteção.

Ao que tudo indica, o “voo alto” da gestão Marcos Rocha corre o risco de aterrissar forçado. A população, que há tempos exige saber o preço dessa viagem toda, já entendeu que não basta vender Rondônia para o mundo — é preciso prestar contas a quem vive aqui. E isso, até agora, ficou fora do roteiro.

Da Redação

Crédito de imagem: G1 Rondônia