
A concessão da BR-364, no trecho entre Porto Velho (RO) e Comodoro (MT), deu um novo passo com a definição das regras do contrato que prevê 30 anos de gestão privada da rodovia. A medida inclui a implantação de pedágio até 2026 e investimentos superiores a R$ 10 bilhões.
Com mais de 770 km de extensão, o trecho é considerado estratégico para o escoamento da produção agrícola e para a mobilidade entre dezenas de municípios. Atualmente, a rodovia é praticamente a única via terrestre que liga Rondônia ao restante do país — o que torna a cobrança de tarifa um ponto sensível.
Pedágio em estado vulnerável levanta debate

Apesar das promessas de duplicação, melhorias na sinalização, tecnologia embarcada e suporte ao usuário, especialistas e moradores demonstram preocupação com o impacto da tarifa. Rondônia tem um dos menores PIBs per capita do país e depende fortemente da BR-364 para o transporte de bens, acesso à saúde e deslocamento entre regiões.
“Cobrar pedágio de quem não tem outra opção de trajeto, num estado com vulnerabilidade social e econômica, é algo que precisa ser amplamente debatido. Não se trata apenas de infraestrutura, mas de impacto social direto”, avalia um especialista em mobilidade consultado pela reportagem.
Empregos e carteira assinada: nova concessionária inicia contratações
Por outro lado, a chegada da Nova 364 S.A., concessionária responsável pela operação do trecho entre Porto Velho e Vilhena, começa a movimentar o mercado de trabalho com abertura de vagas em três cidades do estado.
As primeiras contratações são para o cargo de operador de munck, com 26 vagas distribuídas entre os municípios de Pimenta Bueno (8 vagas), Ji-Paraná (9) e Alto Paraíso (9). A função exige ensino médio completo, CNH categoria C ou D, experiência com caminhão munck e habilidade técnica para atuar em resgate e realocação de animais durante obras rodoviárias.
Os contratados trabalharão sob regime CLT com escala 12×2 (diurno e noturno). O salário é de R$ 2.580, com auxílio-alimentação de R$ 780, plano de saúde e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de até um salário.
A iniciativa faz parte do pacote de contrapartidas da concessão, que promete gerar dezenas de milhares de empregos diretos e indiretos nos próximos anos com a manutenção e modernização da rodovia.
Consulta pública e próximos passos
Antes da implantação definitiva, a concessão ainda passará por audiências públicas e poderá receber ajustes técnicos e jurídicos. A expectativa do governo federal é concluir o processo licitatório até 2026, com início das operações da nova gestora logo em seguida.
Enquanto isso, moradores e especialistas seguem atentos. A dúvida permanece: quem será mais beneficiado pela concessão — o progresso ou os interesses privados? Para muitos rondonienses, a BR-364 é mais do que uma estrada — é uma questão de sobrevivência.
Fonte: Redação CanalRondonia